segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Criança de estrela que estria


És nua e crua, feita de fita.

Chora baixinho, esparsa na manhã.

Seu olhar perde-se ao longe

como o pesar de criança.


Sua figura é um verso de estrofes gritantes.

Por onde passas te vêem, como literatura.

Parece gritar, música eterna.

Não soas falsa, nem vil,

mas dói, jóia recém forjada.


Pesa as palavras tão quanto mostra os dentes.

O chiste do teu desdém

é o que envenena o amado.

Não entende ele, pois não consegue fugir a ignorância

que pedra rara és, tortura!


Perde quem não percebe

não poder afogar

nem por instantes, que dirá para sempre

criança de estrela que estria.


Sonha quieta, pelo futuro inquietante,

inconformada, por lhe dizerem que não virá.

Enquanto todo aquele corpo e alma

enternece, profundo, o amado.

Ficando sozinha, o deixando amargo.

Enquanto feliz e solitária, ela fica a poetar.

Um comentário:

  1. Olá minha querida, feliz e solitária poetiza Teresa Almeida, eu sabia que não erraria. A multicor e eterna alma criança que existe dentro de todos nós, com mil sonhos para sonhar, mil vidas para viver, em um mundo de infinitos poemas a serem maravilhosamente escritos para o deleite das almas felizes e infelizes. Com o direito a tudo, poetar livremente, ao sabor dos pensamentos e sem abrir mão do direito de ser poeta/poetiza/fingidor/fingidora, direito que nos deu o grande mestre Pessoa. Parabéns querida amiga, adorei o que acabei de ler, prazeroso, reflexivo e agradável.

    forte abraço

    C@urosa

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