terça-feira, 14 de junho de 2011

A Arte da Guerra


O prosaico exerce sobra a minha pessoa uma grande quantidade de fascínio. Eu me pego desde guriazinha observando coisas comuns, corriqueiras do dia a dia, que passam desapercebidas pelas outras pessoas. Gosto de pequenos gestos, pequenas doses de cotidiano, hábitos que possam ser trocados a qualquer instante, mas por algum motivo que só cabe ao indivíduo que o pratica, repetem-se como um vício. Certos diretores, principalmente os europeus, gostam de dar enfase a um cortar de batatas, um balançar em uma cadeira, um bater de pernas infantis, para depois mudarem completamente o foco mostrando o caos que determina o fim de um período "feliz" ou "normal". Talvez seja porque a rotina está para o caos, como Nietzche para a dinamite.
E são nesses momentos, em que nos despimos de toda a máscara, é que ocorre o mágico espaço de tempo em que o universo conspira a nosso favor. Todos sempre param, vez ou outra, para ficar imaginando como seria bom se tivessem isso ou aquilo, se a conta bancária estivesse mais recheada, se tivessem coragem de admitir que na verdade o que realmente desejam é o contrário do que pensam as pessoas que se ama, como seria se os problemas não existissem, se determinadas pessoas sumissem, permitindo que as lágrimas de ontem atrapalhem a luta pelas possiblidades que talvez só se concretizem justamente pela força de vontade que motivou o choramingo. Tem quem ache que desistir de dois é o fim do mundo, quando terrível somente seria desistir de cada um.
A felicidade adulta é imaginária, é o imaginar, o que vai vir, o que poderá ser concreto, o entrar e sair de vários caminhos para chegar a quaisquer outros que tragam sucesso. E por mais contentes que possamos vir a estar, sempre falta alguma coisa, nunca estamos completos. Sempre falta aquele quê, nos perdemos confiantes que vamos nos encontrar logo mais. E nunca haverá algo mais se já não estiver presente conosco. É tudo tão simples e conseguimos complicar. A parte que briga, que bebe, que acredita, medita, vacila, ignora, mata ou implora, é um todo, é só nosso, somos apenas nós em redundantes círculos viciosos. Não há uma técnica para aprender a lidar com a dor, não existe um Deus que ensinará o perdão, não existem palavras que descrevam o soneto do silêncio. É tão purista e vulgar que precisamos recorrer ao complexo e ao divino, para explicar nossas próprias escolhas.Quando se quer e acredita piamente no que quer, quando se é e sabe realmente como é, não há quem nos demova de chegar até o final, mesmo sendo a estrada longa e fatigante, porque não vale a pena a tristeza de ser meio frustrada. Que venha a felicidade nem que seja por meio da completa frustração, o que me importa é a tentativa. E não é nada demais. São só palavras.Se eu parar para pensar não deixa de ser arte da guerra;Sun Tzu.

domingo, 12 de junho de 2011

Moinho de vento


Caos, sigo a risca.. Sempre tive um pé meio Dom Quixote, Sancho Pança e seus moinhos de vento.

Qual outra graça teria o sofrimento,ainda que completamente infundado, se o melhor não puder ser retirado dele?

Você retira o melhor até de quem você dizia ter lhe causado mal, até daquele que sorri por que acha que você o odeia. Quer dizer; Você não sei, eu retiro! Porque a pessoa passou pela minha vida e querendo ou não, deixou e vice e versa uma semente a ser cultivada. Se a pessoa vai reconhecer ou não, é o jogo da vida. Você pode amontoar um monte de pininhos no seu carro do tabuleiro e depois perder tudo comprando ações de alto risco.

O tempo cura tudo. E você dá um jeito de consertar o que um dia esteve partido.Ou deixa partido mesmo, ás vezes o que parece quebrado é só uma fenda realizada pela natureza, e não há nada mais cíclica e sábia do que ela. Sabe porque? A vida ensina, regenera, cura o surto e lambe com bálsamo o que antes ardeu na pele.

Tal qual o mecanismo de um moinho de vento. Singelo e cru; ele sempre segue adiante. Gira a hélice após hélice e quando o inverno o congela; o sol posterior derrete o gelo. Um mantra que informa ao desavisado que relembrar o vento ruim é perpetuar o mau tempo. Quase uma prece gritada, dizendo: SEGUE ADIANTE!

terça-feira, 7 de junho de 2011

A igreja é minha anta!


As estórias que eu mais gosto são as que envolvem o santo nome em vão.E das formas com que Deus é retratado, a de torturador e ingênuo é a que eu acho mais interessante. Ele pôs um espécie humano masculino e outro feminino sem nada para fazer e com muito tédio para enfrentar no paraíso, tão legal na bíblia que parece um pomar e acreditou mesmo que, não, eles não iam fazer nenhuma “arte”,ficando depois ensandecido a ponto de tirá-los do paraíso e castigá-los por terem desobedecido sua ordem de comer uma...uma...uma maçã! Mensagem subliminar a parte, o MEU Deus, um ser superior, teria ficado ensandecido de ser necessário uma serpente para incitá-los a qualquer coisa.

Na verdade, as primeiras versões da bíblia não continham esse capítulo. Foi um homem muito criativo e assombrosamente inspirado, o Santo Agostinho, que reescreveu Gênesis vários séculos depois, inserindo o adendo do “pecado original”. Imaginem só se ele renascesse roteirista hoje em dia...

A nossa “atual Bíblia” foi composta no século XIII. Ela é um apanhado de textos do que havia sido transmitido pelos antigos profetas, sacerdote, reis, patriarcas e demais pessoas iluminadas da época. Os velhos profetas (com exceção do Moisés que transmitiu ele mesmo) retransmitiam da forma mais nítida que pudessem, os fatos e as visões acontecidos em outra época à outras pessoas (ufa), pois não sabiam escrever. Quem escrevia, introduzia suas próprias opiniões,o que – óbvio – terminou em um livro em completa contradição com o original. Com o tempo foi sendo deixado de lado algum trecho que não favorecia a fé da forma desejada.
Havia três versões diferentes escritas a mão e quando se inventou a arte da impressão ficou muito dispendisioso manter toda essa divulgação. Se alguém foi o pai da publicidade, o inventor de algo a ser comprado, o primeiro “lifestyle” do mundo terrestre, esse alguém foi o imperador Constantino que decidiu como iriam reescrevê-la e como seria a base de toda a cristandade.

Legal, não é? Bom, se você é alguém curioso e excêntrico, como eu, deve estar lendo até aqui. Do contrário é alguém com todos os parafusos no lugar e esse monte de informação inútil não faz diferença e você também não, pois não deve lá ser uma pessoa muito interessante. A bíblia é um apanhado de vários escritos de povos que se julgavam os únicos seres humanos na Terra, que desconheciam outros mais adiantados e que conseguiram ter o que escreveram seguidos incontestavelmente por alguns muitos milhares até hoje. É o sonho de qualquer escritor. Hoje temos um Deus que extermina até os animais em um dilúvio porcausa de uma humanidade pecaminosa e indigna.

Ah, gosto muito dessa parte do dilúvio.

Um dilúvio de fato inundou vários países. Esse é um fato histórico, dizem os cientistas que até comprovado é, um fato climático que na mão de um fanático virou um assassínio não dos homens, mas de TODOS os seres viventes de qualquer espécie de animais, com exceção dos animais escolhidos por Noé. Oremos todos para o criador não volte a se irritar agora, já que a humanidade ta pra lá de perdidinha e se isso acontecer como vem sendo anunciado aí pelos doutore; o Al gore deve comandar a barca, já que que vem avisando todo mundo do dilúvio e ninguém vem acreditando. Deus disse a Noé e a seus filhos: “Crescei, multiplicai-vos e enchei a terra”. Bem, sendo ele o todo poderoso, com tanto conselho bom pra dar pra uma humanidade que começaria melhor da que foi por água abaixo, tinha como dar o conselho mais óbvio que esse? O que mais fariam casais presos em um barco sem televisão, baralho de pôquer, twitter ou playstation?

Existe um conto que fala de um homem desempregado procurando o que comer na rua, encontrou uma faísca de verdade, juntou com cuidado e disse: “Vou ficar rico, fundarei uma igreja!” Outra moral de uma historinha diz que com verdade no coração qualquer indivíduo pode dirigir seu próprio destino sem temer obstáculos. Bom; que sorte que pouca gente tem verdade no coração e a maioria tem faíscas de verdade nas mãos.

Do contrário a maior parte das instituições entrariam em colapso.

Crede Byron


Eu pereço pela falta de palavras,

é díficil encontrar significado

nessa reunião chata, cheia de pessoas desesperadas

que anseiam por algo que nem sabem se lhes é devido.


Me leve a Missolonghi.

Onde estou ninguém sabe o que é,

encontro certa gratidão,

ao vislumbrar sua estadia por lá.


Essa ilusão de sempre estar em um frenesi constante,

nunca me afeta, não me interessa.

Pessoas vazias tentando não ver suas sombras,

esperando compartilhar com outro efusivo

a beleza que não carregam consigo.


Careço de algo mais que estórias,

me perco em um além mais de saudade,

aquela que já foi dita por ti.

De algo que eu ainda não vi.

Do que não entendo sentir.


Escuto alguns passos nostálgicos.

Quando adormeço, às vezes, vejo.

O anjo negro de peito aberto

que sangra pelo amor que procurou,

mas não encontrou.


Nem em um pouso,

nem mesmo em sossego.

(In) Definição


O amor é uma mulher com classe, ponderada e mística.Observa aqui e ali, se faz de desentendida. Priva-se quando necessário, não esquiva-se quando arrependida.

Paixão é uma menina nova, intrometida e desinibida. Ignora qualquer sinal que desminta sua ilusão,não poupa-se quando precisa, é arrogante quando surpreendida.


Amor com limite é erro.

Paixão com culpa é loucura.

Não encontrar nos olhos de outro o significado

que no deste amor encontraste.

Não encontrar no corpo de outro

a intensidade que nesta paixão abraçaste.

O amor espera o amanhã.

Paixão não espera até o amanhecer.

Amar sem eira nem beira.

Paixão que existe por teimosia, de bobeira.

O amor é tão sofredor.

A paixão é deveras vingativa.

O amor suporta o passado.

A paixão só quer saber do presente.

O amor é inteiro louvável e a paixão um delicioso pecado.


São duas pessoas distintas,m

as em um ponto as duas concordam:

Nem uma nem outra são boas ouvintes

.

Ambas morrem por uma noite e renascem na manhã seguinte.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Gentileza


As gotas vão continuar caindo. E nunca param. Quando a chuva chega, elas se intensificam e apenas deixam de ser invisíveis. Escorrem e derramam-se aos borbotões; e ainda sim não transbordam o solo raso. O radiante esplendor da luminosidade não se apaga, ganha significado. Uma gota versus o raio. É pura beleza. E toda a beleza desse mundo não preenche o solo raso. Mas sua gentileza preenche, sim; o mundo raso.