quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Inércia Decisória


O nome que escolhi para meu blog, também era o nome do meu antigo blog na página do Terra. Inércia decisória é o tempo que se passa entre a decisão de tomar uma atitude e realmente colocá-la em prática. Ouvi isso pela primeira vez em uma aula de produção industrial e não se passa um dia em que eu não lembre desse termo. Percebo isso ao redor, mas também vejo no meu próprio jardim. Até por que falar dos outros não é nada difícil, o complicado é olhar para o próprio umbigo. Opta-se por ser feliz, mas para chegar até a subjetiva felicidade tantos empecilhos são colocados ,que a maioria acaba se perdendo na própria ignorância. Decide-se pelo amor ,mas a individualidade egoísta de dois amantes acaba por uní-los pela dor e o sentimento perde-se distante, como se nunca houvesse existido. Almeja-se a fama e para chegar até ela há os que não meçam esforços, sem preocupação por se perder e afundar nos vícios de uma alma insegura. Deseja-se um país melhor, mas vence a preguiça de sentar e analisar o currículo (real) dos candidatos e acaba-se elegendo sempre o mesmo do mesmo. A vida humana não passa disso, de uma grande e intensa trajetória entre desejos e realizações.

Aquele típico caso do marido que não sabe porque bate, mas a mulher resignada sabe porque apanha. Deve ser porque falar de tudo que um dia virá, pouco fazendo a respeito, é menos vergonhoso do que a decepção pelo "nada" realizado.

E sigo achando que Inércia Decisória tem "tudo a ver" com o dia-a-dia deste mundo cujo chão eu piso!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O sinal de Caim

Tudo está sendo organizado. Por este TUDO entende-se todas as coisas que estão sendo colocadas no lugar que sempre deveriam ter estado, mas pelas complicações do destino se espalharam. Digo do destino, porque se ocorreram certos deslizes, exageros ou desvios, foram minha culpa eu quis assim, mas eram pra ter acontecido, havia necessidade. Sou muito prática, arrepender-se é à saída dos covardes. Quando tudo dá errado só resta arrependimento e desculpas. Da minha bagagem não abro mão de jeito algum. Tudo que acontece, foram minhas escolhas, meu direito, minha sina. Por que da mentira? Fingir para alguém ser algo que não se é? Que não ocorreu? Se é só respirar fundo, com todo ar que conseguir puxar, com toda a verdade que conseguir guardar e dar continuidade a tudo que seus ombros não suportam deixar pelo caminho. Ser como os outros? fingir se adequar a qualquer situação? Qualquer coisa está sempre bom,desde que a sua verdade prevaleça? O único problema é que você pode até se enganar e jogar a culpa sobre ombros terceiros, só que nunca estará certo. Você saberá. Tudo é gasto e pago de alguma forma e todos saem ilesos. Eu penso tanto, faço mil coisas ao mesmo tempo, eu estou lendo, trabalhando, estudando, viajando, cuidando da casa, cuidando da vida, cuidando de mim, cuidando dos meus, me achando no meio da confusão que sou e às vezes não percebo que o mundo é diferente, que as pessoas possuem ritmos diferentes. Que o que passa na minha cabeça é o meu mundo. Olho para as pessoas achando estranho esse modo bonitinho de se portar direitinho. Eu gosto de rótulo, porque as pessoas, sem exceção, sempre se rotulam, mesmo que inconscientemente elas jogam seu preço e valor no ar. É só observar um pouco, bem pouco aliás, para ver a multidão de tipos por aí. Mas, enfim, tem lugar para todos. E no meio da multidão estou eu, sozinha mesmo com a multidão. Não, na verdade eu sou muito solitária. Por escolha própria.
Porque sozinha, eu, nunca estive.

"Num deserto de almas também desertas uma alma especial reconhece de imediato a outra."

É isso que faz com que dias que nunca terminam, jamais serem iguais. E com que tudo que necessita de organização, organize-se naturalmente.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Criança de estrela que estria


És nua e crua, feita de fita.

Chora baixinho, esparsa na manhã.

Seu olhar perde-se ao longe

como o pesar de criança.


Sua figura é um verso de estrofes gritantes.

Por onde passas te vêem, como literatura.

Parece gritar, música eterna.

Não soas falsa, nem vil,

mas dói, jóia recém forjada.


Pesa as palavras tão quanto mostra os dentes.

O chiste do teu desdém

é o que envenena o amado.

Não entende ele, pois não consegue fugir a ignorância

que pedra rara és, tortura!


Perde quem não percebe

não poder afogar

nem por instantes, que dirá para sempre

criança de estrela que estria.


Sonha quieta, pelo futuro inquietante,

inconformada, por lhe dizerem que não virá.

Enquanto todo aquele corpo e alma

enternece, profundo, o amado.

Ficando sozinha, o deixando amargo.

Enquanto feliz e solitária, ela fica a poetar.

Newstead Abbey

Só queria dizer que ando feliz.

Há várias peças que ainda não se encaixaram e algo essencial que está longe de meus braços. Só que eu sussurro baixinhopara ninguém mais descobrir que o longe, pra quem ama e luta de verdade é um lugar que não existe.

Não ando tendo motivos para orgulhar-me de mim ultimamente. Ando vivendo e somente isso. Não que eu pudesse afirmar que andei nadando em orgulho no passado, mas fiz coisas realmente incríveis que me fizeram surpreender com o despreendimento que consegui. Só que altruísmo nunca foi o ponto alto de minha personalidade. Passei adiante. Passaram por mim. O mundo me sorriu sárcastico outra vez.

A consciência é uma traidora das minhas vontades. Ela não desiste de me atormentar. E eu convivo bem com sua existência. Morro de tudo, morro todo dia, me afogo em ansiedade, perdida na maravilha histérica que a inutilidade consegue me puxar. E nem se quisesse poderia evitar isso.

Sou demasiada, exageradamente, humana. Comum, média, clássica e cotidiana. Talvez, quem sabe, assim tenha qualquer coisa de diferente. Diferente é ser igual.

Pois veja, neste globo gigantesco, estranho e comicamente pequeno há o mais e há o menos. E isso deveria explicar tudo. Não há iguais. Sou tão egocêntrica e megalomaníaca que desejo as duas polaridades. Portanto sou igual. Como qualquer outro reles mortal. Só há o que eu quero e o que eu vou conseguir. E isso explica tudo por mim. Talvez eu não devesse querer, talvez há um tempo atrás fosse errado querer tomar o que outrora repousou em outro lugar, ignorando a relevância da falta de ação, enganando momentaneamente um outro coração. Mas minha vontade é a pária de minha consciência. Não desiste de me derrotar. E eu convivo muito bem com sua existência.

Ando mesmo muito feliz.

Contando ninguém acredita. Minha felicidade, não é de mais nem de menos;fui eu que inventei.

domingo, 19 de setembro de 2010

A Arte da Guerra


O prosaico exerce sobra a minha pessoa uma grande quantidade de fascínio. Eu me pego desde guriazinha observando coisas comuns, corriqueiras do dia a dia, que passam desapercebidas pelas outras pessoas. Gosto de pequenos gestos, pequenas doses de cotidiano, hábitos que possam ser trocados a qualquer instante, mas por algum motivo que só cabe ao indivíduo que o pratica, repetem-se como um vício. Certos diretores, principalmente os europeus, gostam de dar enfase a um cortar de batatas, um balançar em uma cadeira, um bater de pernas infantis, para depois mudarem completamente o foco mostrando o caos que determina o fim de um período "feliz" ou "normal". Talvez seja porque a rotina está para o caos, como Nietzche para a dinamite.
E são nesses momentos, em que nos despimos de toda a máscara, é que ocorre o mágico espaço de tempo em que o universo conspira a nosso favor. Todos sempre param, vez ou outra, para ficar imaginando como seria bom se tivessem isso ou aquilo, se a conta bancária estivesse mais recheada, se tivessem coragem de admitir que na verdade o que realmente desejam é o contrário do que pensam as pessoas que se ama, como seriam se os problemas não existissem, se determinadas pessoas sumissem, permitindo que as lágrimas de ontem atrapalhem a luta pelas possiblidades que talvez só se concretizem justamente pela força de vontade que motivou o choramingo. Tem quem ache que desistir de dois é o fim do mundo, quando terrível somente seria desistir de cada um.
A felicidade adulta é imaginária, é o imaginar, o que vai vir, o que poderá ser concreto, o entrar e sair de vários caminhos para chegar a quaisquer outros que tragam sucesso. E por mais contentes que possamos vir a estar, sempre falta alguma coisa, nunca estamos completos. Sempre falta aquele quê, nos perdemos confiantes que vamos nos encontrar logo mais. E nunca haverá algo mais se já não estiver presente conosco. É tudo tão simples e conseguimos complicar. A parte que briga, que bebe, que acredita, medita, vacila, ignora, mata ou implora, é um todo, é só nosso, somos apenas nós em redundantes círculos viciosos. Não há uma técnica para aprender a lidar com a dor, não existe um Deus que ensinará o perdão, não existem palavras que descrevam o soneto do silêncio. É tão purista e vulgar que precisamos recorrer ao complexo e ao divino, para explicar nossas próprias escolhas.Quando se quer e acredita piamente no que quer, quando se é e sabe realmente como é, não há quem nos demova de chegar até o final, mesmo sendo a estrada longa e fatigante, porque não vale a pena a tristeza de ser meio frustrada. Que venha a felicidade nem que seja por meio da completa frustração, o que me importa é a tentativa. E não é nada demais. São só palavras.Se eu parar para pensar não deixa de ser arte da guerra.Sun Tzu.

sábado, 18 de setembro de 2010

Blá Blá Blá

Nós, o sexo frágil,conquistamos o direito de sermos respeitadas, mas na prática estranho é esse respeito umas com as outras. Inacreditável que tenha as que se apóiem nesse pretexto, o da guerra dos sexos (sem fim) ignorando que há muito as mulheres lidam com maternidade, trabalho, vida pessoal, emocional, formação acadêmica e tudo mais que a vida moderna exige. E se existem as mulheres que gostam de paparicar o marido, o namorado ou quaisquer outros homens das suas vidas além do dito normal, que não criam coragem de defenderem-se das pancadas, problema delas, somos tão livres que podemos escolher ser escravos. Quando leio baboseiras desta natureza não deixo de ficar perplexa que sejam as mulheres que fiquem alimentando discussões sexistas. Tem as que ficam falando de atitude e conteúdo, mas brigam por homens, comentam a roupa da fulana, reparam na celulite e criticam a beleza ou a falta dela. Que não retirem o mérito do gênero masculino e muito menos o do feminino. E deixem esses homens que se dizem tão machões falando sozinhos. Quem muito fala, já sabemos que é porque pouco faz. Outras mulheres lutaram pelo direito da classe, em tempos realmente complicados e desiguais, mas hoje cada um faz o que quer, homem ou mulher, hipocrisia falar que não. A luta é diária, tem homem aí que é melhor que muita mãe e mulher que cuida das finanças e do sustento da casa melhor que muito pai. Mulher que vai a caça toda noite e homem que se apóia na mulher por que não tem coragem de defender as coisas que quer.Que que eu sei, não é? Mas falar não leva a lugar algum, rosto e corpinho bonito tem de monte. Gente cheia de “atitude” também. As chances estão aí, espalhadas. Agora se você é mulher e jura que quer ter os mesmos direitos blábláblá e fica fazendo porra nenhuma, alimentando a frivolidade repulsiva que não trará nada de significativo pra este mundinho torpe, fique na cozinha que este é o seu lugar. Ou na janela vendo a vida dos outros passarem diante de seus olhos.

Aproveita e joga no google: Marie Sklodowska ou Marie Curie e descubra o que ela fez em 1894 sem dinheiro, com marido, filho e sonhos.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

No, no, no, baby, no, no, no, don't lie

Existe uma pesquisa científica que afirma que bebês apenas não matam uns aos outros porque não lhes dão armas. A forma de criação é o que nos difere. Fomos criados para o amor, pra luta, trabalho, preguiça, justiça, maldade, inveja, bondade e as combinações desses entre outros sentimentos. Encontramos nosso equilíbrio pelo caminho, nos dão ou corremos atrás de nossos limites. Ora nos livramos dos nossos hábitos a muito custo, ora sucumbimos pelo que já nos foi enraizado. Na casa do vizinho existe mais afago, doces, mais diálogo ou o oposto dessas coisas. Mas uma em específico acompanha a todos desde criança: a mentira.

A mentira faz parte do nosso código de leis não escritas, é uma regra e não a exceção. Fomos acostumados a conviver com ela. Mentimos para não ir à escola, mentimos para ganhar presente, mentimos para não levar bronca e com o passar do tempo, alguns ficam tão bons que ao mentirem acreditam serem honestos. Mentiras não são admissíveis hipoteticamente, exceto se contadas pelos nossos pais, professores, patrões, governo, parceiro sexual ou amigos que querem nos deixar feliz. Ou seja, todos que nos cerca. Já sabemos que o político não está falando a verdade e esperamos calmamente que ele não cumpra o que prometeu para depois falarmos debochados que toda eleição é assim. Se quentes somos loucos, profanos ou pagãos. Se frios somos insensíveis, nojentos ou dissimulados. Ser morno é se adequar a sociedade, a falsa alegria da normalidade, consumir até que os produtos nos consumam, reinventar-se dependendo da moda e quando a mentira não puder mais ser superficial e comprada, o sorriso plastificado dará lugar a depressão.

O amante fala que não suporta a mulher mocréia, mas nunca se separa. Para a esposa fala que não agüenta a mal amada que fica ligando, mas a mulherzinha nunca para de ligar.Na televisão querem seu dinheiro, vendem a beleza do álcool, a compra da própria segurança por ter um silicone no corpo, a idéia que um bisturi vai te fazer se sentir mais atraente, mais invejável. Somos ensinados a cuidar do nosso corpo, mas o prazer por meio dele é um pecado. Hoje a felicidade vem dentro de uma pílula emagrecedora e ser nerd não é mais ser um excluído é ser um chato legal. Ser anti-social não é ser um psicopata ou alguém que realmente não queira contato com a sociedade, agora é ser exótico. Calça colorida é estilo para gente sem personalidade. Levantar dois dedinhos para cima é sinal de muita atitude, mesmo que mal tenha saído das fraldas. Agressivos, competitivos e individualistas nos tornamos exploráveis como trabalhadores e cidadãos, mas não interessantes como pessoas. Sentados encima de ganhos, gastos e consumo devoramos nossos recursos enquanto procuramos desesperadamente ar puro, luz do sol e boa vida. É uma espécie de conspiração na qual todos participam desde pequenos, um acordo velado em que você finge que fala a verdade e eu finjo que acredito.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Toda Ignorância sempre será recompensada?

Ouvi mês passado uma frase que me comoveu. Determinada pessoa com confortável situação financeira, sem filhos e sem algo que se possa chamar de vida produtiva, pisando exclusivamente nas sombras do marido, disse que se tivesse um filho como “tal e tal” de fulana, o daria ou pagaria para alguém criar bem longe. Se bem que desconfio que na verdade isso tenha vindo de quem me contou, uma pessoa com filhos mas sem algo que se possa chamar de vida afetiva com ser algum de qualquer espécie. De qualquer forma, vou me ater ao original como foi me passado.Não a ouvi falando, isso me foi repassado. Não pensei nada, nem julguei o comentário, na hora fiquei estupefada com a coragem da que falou, porque até para se afirmar como ignorante ou estúpido alguma coragem é necessária. Agradeci em silêncio pela natureza não ter colocado vida alguma em suas mãos, e lamentei pelos muitos que são obrigados a conviver com gente desse tipo, progenitores ou não. Hoje cai bem ao meu pensamento do dia.

Uma criança quando vem ao mundo já vem carregada com a sina dos direitos e deveres. Tem implícito o dever de ter os olhos do pai, o nariz da mãe, a boca do avô que já está morto a uma década. Tem de ser bonito, mas se não for, enquanto neném todos falarão que é muito fofo, que tem saúde, depois que cresce tem por dever ser o fardo dos pais. Tem que se adequar às regras, falar na hora certa, andar na hora certa, dizer que ama o papai e a mamãe, aceitar os beijos, abraços e frases bestiais de pessoas aleatórias, ainda que não queira, senão, por obrigação, tem alguma síndrome, senão, por obrigação, não se adequa a sociedade. Um pequeno ser não é amado simplesmente por existir, simplesmente por vir ao mundo. É a duras penas que se crava um caminho quando se difere em algo. Depois de reconhecido o talento em uma área específica, quando vira um Mozart, um Einstein, uma Virginia Woolf, uma Clarice Lispector, aí tudo bem, ta explicado, era um gênio. No sonho médio, no senso comum, na vida mais ou menos, não se permite nuances diferentes, não sem preconceito e esculacho. A mediocridade ama apontar alguém julgado mais medíocre.

Todo o cidadão tem seus direitos e deveres. Toda criança e adolescente tem seus direitos e deveres. Todo pai ou mãe tem seus direitos e deveres. Todo trabalhador tem seus direitos e deveres. Todo governante tem seus direitos e deveres. Não há nada mais difícil de controlar, mais perigoso de conduzir, ou mais incerto no seu sucesso, do que liderar a introdução de uma nova ordem, disse Maquiavel, lá por 1500. O novo desorienta, amedronta, acovarda. Criar rupturas nas regras, isso sim, é uma possibilidade bem aceitável, ninguém liga de ver.

Seja grande ou pequeno, o não cumprimento do direito e do dever gera uma ameaça. Mas isso é indiscutivelmente aceitável, o novo é que não é. Desde o pequeno ou grande indivíduo e personalidade, a falta de valores implica na coragem citada no começo do texto: coragem de se afirmar ignorante e estúpido. Sei que falo muito sobre o vazio que algumas pessoas possuem, mas é que eu gostaria mesmo que isso despertasse o mesmo sentimento em outrem, a mesma afronta e asco que me causam. Já que pessoas não mudam, apenas fingem se adequar, quem sabe se sentissem vergonha dos pensamentos medíocres que carregam, conseguissem guardar os mesmos para si, ao invés de disseminar por aí. Entre o pequeno e o grande delito, é que o passional passa a ser homicídio. É onde o direito se desvincula do dever, e alguns param de cuidar de suas miseráveis vidas para transformar outras vidas em miseráveis. E aí Pai, toda a ignorância será recompensada?




Esse texto foi escrito há dois anos atrás. Consegui muitas coisas bacanas com ele, como grandes convites, conhecer algumas personalidades que admiro e pessoas muito especiais que ao se identificarem com o que escrevi, passaram a fazer parte da minha vida, mesmo de longe. Cortei algumas partes e exemplos que não são mais atuais. De qualquer forma, penso exatamente igual há dois anos atrás.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Retrô

Quanto mais procuro olhar para o chão que vou pisando, percebo que é em direção das estrelas que meus olhos se encaminham. Enquanto vou percebendo a movimentação estranha ao meu redor, a busca pela atenção e pelas luzes, vou reparando que o brilho duradouro paira sobre aqueles que não correm contra o tempo, aliam-se a ele. Sobre os mesmos que não tentam aproveitar-se das estrelas para reluzirem controvérsas verdades, carregam consigo estrelas maiores que a humana sanidade. Caminhos cheios de pedregulhos levam a um feliz destino, enquanto os que caminham lamentando os impercalços, não entendem o porquê de um espinho. A lágrima traz consigo alguma dor, mas lava também a face, preparando-a para o sorriso que a iluminará com sentido. Um tolo ri para tudo, é feliz porque vive de festas, mas chora desconhecendo o motivo de não conseguir banhar-se em uma vida concreta. Não desejo menos que felicidade, mas pés que não te levem tão longe de ti, porque desejar que viva apenas de sonhos seria de minha parte maldade. Abrace, ame, sucumba, goteje, dance, corra, beba, engula, espatife-se, parta-se, despedace-se e consigas te recompor. Mantenha uma parte ilesa, presa a realidade. Voe para perto ou voe para longe, mas não voe pro abismo. De um jeito ou de outro tudo segue. Até para viver de mentiras, não é só mentindo que se consegue. Um espelho. Reflexo. Que bate e volta. O que infiltra-se, pemanecerá. Não tenho nenhum porquê que se esvai. Gosto das frestas e da superfície partida. Eu gosto do retrô. O que você sabe, são os pedacinhos que eu deixei espalhado. Eu choro e com orgulho.Até Porque eu choro fácil mesmo. Mas não engano ninguém, sou mais forte do que gostaria de ser do que gostaria que soubessem que sou, pois não importa o banho que minha face leve nunca vou estacar, nunca me privarei de partir. Eu vivo e não me permito esconder o que temo que descubram. Na verdade, venho descobrindo através dos anos, o quão massacrante é viver guiado por aprovação. O que tenho, é completamente meu, não guardo prêmios de consolação.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Somente as coisas que conheço

E se tiver um penhasco ao seus pés? Permitindo voar atire-se, e eu te juro, cairá em pé. Não se iluda, você vai sofrer. O ar se tornará rarefeito e haverá dificuldades em respirar. A temperatura vai cair e o frio será vertigioso. A neblina te impedirá de ver a realidade das pedras duras e calcificadas da queda abrupta. O vento forte expulsará as pessoas do seu lado. E por fim a despressurização fará seu corpo entrar em colapso. Depois de tudo só restaria paz. E as pessoas que sobreviveram com você e a você lhe estenderão a mão. E será só seu corpo e a paisagem.Depois de cair lenta e calmamente para o caos do abismo, alçar o vôo é a consequência. Quando o chão é o teu lugar comum todo degrau é subida. E deixa eu te contar? Se você se entrega a viagem é sensacional. E o pequenino velhinho de barbas brancas e humor mórbido sentado lá encima em cima de uma nuvem branca observando este mundo pagão aqui embaixo irá amenizar tudo. Talvez por que você o divirta. Talvez porque ele reconheça o esforço. Talvez porque ele aprecie resultados e não preces preguiçosas e vazias. Aí já não sei.
E quando te perguntarem:
Mas como é que consegues?
Basta sorrir, sobrevivência não se explica e somente você sabe o que lhe custou arriscar.