domingo, 24 de outubro de 2010

WaterlooVille


Pega toda essa mágoa e transforme.

Pegue essa desilusão e faça a esperança.

Que essa carência de gente vazia vire pura ternura.

Amor perdido não se cura,

leva-se como experiência.

O fardo só existirá se você perceber que o carrega,

deixe mais leve sua procura.

Permita-se fixar a beleza do mundo.

Que seja feita de luz,

que no seu céu haja um sol,

Que não carregue uma cruz.

Não se afogue em misérias, e;

em hipótese alguma

deixe de driblar a rotina.

Encontre em tudo que seus dedos toquem

a forma que te forma divina.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Childe Harold's Pilgrimage




Eu escrevo cartas para mim mesma. Não de enviar pelo correio e tal, ora por favor. Já fui atropelada por fuscas, coleciono bíblias, l falo sozinha, surto sem motivo, mas não envio cartas pelo correio.Ah, não, não. Eu escrevo e guardo. É que as vezes sinto-me ausente, as vezes eu esqueço de mim e escrevo para lembrar.

Desde pequena, pequenininha, tenho muita responsabilidade. Desde sempre tenho um milhão de coisas para fazer enquanto gritam no meu ouvido e jogam as próprias responsabilidades sobre meu colo. Se quer saber, consigo vislumbrar a dor megalomaníaca de um ser perdido em sua Neverland. Consigo admirar a cor vermelha do passional dentro da explosão negra da tragédia. Tenho essa mania idiota de pegar a dor do outro e fazer minha. Só tive de aprender lidar com a minha própria infantilidade e mesmo tão acostumada a lidar com tudo, comigo aprendi da forma mais complicada.

Crescer e tomar decisões é doloroso. Realizar o que é necessário ao invés do que se quer é muito sem graça. Fica mais interessante quando a gente vê o filme já sabendo do final feliz, mas o caminho é o mesmo se sair com dignidade pela janela, porque o destino final na linha reta da porta não elimina os tombos acidentais. E no final vale o esforço expurgando até o último grau do meu Karma.

Hoje eu escrevi mais umas cartas e li outras. As que eu escrevi são tão incertas quanto tudo neste mundo, sustentam-se apenas pela minha certeza cética e desvairada que o planeta inclina-se para dar vazão a enchente. Umas cartas eu li automaticamente, frases soltas e imagens aleatórias, empoeiradas, de quando me sentia ausente, pensando que um dia as utilizaria em meu futuro presente. Cartas que pensei ter escrito com dor, quem sabe na época pensasse ser ódio,frustração ou vazio. Hoje me trazem a certeza, que foram escritas somente com amor.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Elástico






Ultimamente ando achando, bem mais do que já achava, que tem gente que se importa de mais. Tem coisas, pensamentos, momentos e atitudes que só se adquire com o tempo. E não raro nem como ele. Mas, anyway, você pode se remexer, pode gritar e tentar explicar tinportintin que você é que está certo, pode ficar bufando achando que NINGUÉM mais sabe de nada, mas no final você se encontra em si, lá dentro ou por dentro e vê com olhos menos críticos o que antes julgava dizendo não julgar. Vê o quanto errou, vê que se preocupou desnecessariamente, vê que lutou tanto por possibilidades que nunca chegarão a se concretizar e se descobre com o maior tesouro que já sonhara ter, aquele que a vida ensinou. E benzinho, a vida sempre ensina. Aí você continua dando as mesmas cabeçadas por opção, e ninguém tem nada com isso, você aprende tanto que pode aprender que não quer mais saber de nada. Jogar pérolas aos porcos sempre foi um dos clichês mais usuais.

Está para nascer quem exercite mais a capacidade de abstração do que euzinha. Até por que eu obrigo muito das pessoas que gostam de mim, de abstrair minhas pequenas cagadas. Nada mais justo que eu assim o faça. Até mesmo por quem não tem o mesmo gesto recíproco. Se a minha capacidade de abstração está a todo vapor, minha capacidade de paciência nem tanto, mas um dia eu chego lá. Eu reparo com frequência e tenho 100% de convicção que o que as pessoas dizem odiar ou não suportar nos outros é justamente aquilo que enxegarmos nelas. Mas quem sou eu para corrigi-las?

É isso não deixa de ser um grande aprendizado. Por que mostrando você corre o risco de ser ousado. Calando não tem conteúdo para dizer nada. Aceitando é um coitado. Afastando-se e deixando para lá está sendo falso. Vale mais a pena tentar e viver. Compartilhar caso alguém peça, por que do contrário é saliva gasta de graça.