domingo, 19 de setembro de 2010

A Arte da Guerra


O prosaico exerce sobra a minha pessoa uma grande quantidade de fascínio. Eu me pego desde guriazinha observando coisas comuns, corriqueiras do dia a dia, que passam desapercebidas pelas outras pessoas. Gosto de pequenos gestos, pequenas doses de cotidiano, hábitos que possam ser trocados a qualquer instante, mas por algum motivo que só cabe ao indivíduo que o pratica, repetem-se como um vício. Certos diretores, principalmente os europeus, gostam de dar enfase a um cortar de batatas, um balançar em uma cadeira, um bater de pernas infantis, para depois mudarem completamente o foco mostrando o caos que determina o fim de um período "feliz" ou "normal". Talvez seja porque a rotina está para o caos, como Nietzche para a dinamite.
E são nesses momentos, em que nos despimos de toda a máscara, é que ocorre o mágico espaço de tempo em que o universo conspira a nosso favor. Todos sempre param, vez ou outra, para ficar imaginando como seria bom se tivessem isso ou aquilo, se a conta bancária estivesse mais recheada, se tivessem coragem de admitir que na verdade o que realmente desejam é o contrário do que pensam as pessoas que se ama, como seriam se os problemas não existissem, se determinadas pessoas sumissem, permitindo que as lágrimas de ontem atrapalhem a luta pelas possiblidades que talvez só se concretizem justamente pela força de vontade que motivou o choramingo. Tem quem ache que desistir de dois é o fim do mundo, quando terrível somente seria desistir de cada um.
A felicidade adulta é imaginária, é o imaginar, o que vai vir, o que poderá ser concreto, o entrar e sair de vários caminhos para chegar a quaisquer outros que tragam sucesso. E por mais contentes que possamos vir a estar, sempre falta alguma coisa, nunca estamos completos. Sempre falta aquele quê, nos perdemos confiantes que vamos nos encontrar logo mais. E nunca haverá algo mais se já não estiver presente conosco. É tudo tão simples e conseguimos complicar. A parte que briga, que bebe, que acredita, medita, vacila, ignora, mata ou implora, é um todo, é só nosso, somos apenas nós em redundantes círculos viciosos. Não há uma técnica para aprender a lidar com a dor, não existe um Deus que ensinará o perdão, não existem palavras que descrevam o soneto do silêncio. É tão purista e vulgar que precisamos recorrer ao complexo e ao divino, para explicar nossas próprias escolhas.Quando se quer e acredita piamente no que quer, quando se é e sabe realmente como é, não há quem nos demova de chegar até o final, mesmo sendo a estrada longa e fatigante, porque não vale a pena a tristeza de ser meio frustrada. Que venha a felicidade nem que seja por meio da completa frustração, o que me importa é a tentativa. E não é nada demais. São só palavras.Se eu parar para pensar não deixa de ser arte da guerra.Sun Tzu.

2 comentários:

  1. Olá querida amiga Teresa Almeida, tens alma poética...ah! quem me dera!!As palavras saem daqui tão difíceis. As guerras são inúmeras e a arte é pouco. Será que um dia lerei um poema seu?
    Boa semana, amiga.

    forte abraço

    C@urosa

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  2. serei sempre como eu sou
    assim ou assado
    posso ser de tudo
    e sempre serei eu
    como disse hilda hilst, mesmo que se mova o trem, tu não te moves de ti.

    beijo!

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