sexta-feira, 19 de março de 2010

Dam Madame Bardot

Tem gente na minha lista comprando paciência. Estou vendendo! Se me contassem no passado, se eu ao menos pudesse imaginar a capacidade que eu tenho de sentar, respirar e desenhar lentamente o projeto final sem sair quebrando tudo, bufando e tremendo de ansiedade, então SE eu soubesse a vida teria sido diferente. Sabendo, entretanto, não estaria aqui e as coisas não seriam do jeito que são. Mas que teria sido de mais valia, ah isso teria. Claro que eu só consigo fazer isso por um motivo e isso é coisa muito minha, o ponto é que consigo.

Madame Bardot era obcecada. Ou excêntrica como melhor preferir. Ta que uma coisa é uma coisa outra coisa é outra coisa, mas desse ângulo que eu quero olhar as duas palavras são similares. Eu adoro a Brigitte Bardot, ela ia ao extremos em tudo. Esses extremos a levaram a tentar o suicídio três vezes. Da adolescência ao auge de seu sucesso no cinema. Só que não é esse extremo que me encanta, acho que não encanta ninguém a não ser uma amiga minha que vive dizendo que vai se matar. Nunca entendi porque não chegou a concretizar isso, pois aluga o ouvido de quem deixar falando sobre o assunto. O meu não aluga mais. Na verdade acho que também nem somos mais amigas por causa disso. Eu sei que ela não vai se matar e ela também. No máximo vai morrer de carência. Ta,mas voltando... Brigitte fez um filme que se chama Et Dieu...créa la femme. Pra época (1956) foi ESCÂNDALO. Quem viu o filme entende porque. Não sou daqueles que pagam um pau tremendo pro cinema europeu, apesar de gostar bastante. Mas os franceses sabem inovar e ficaram assim anos na frente da América...e isso em todos os quesitos, não só porque a meio século atrás as mocinhas já arrancavam as roupas. Ae Brigitte foi lá e se apaixonou pelo ator que contracenava. Largou do marido. Ai se apaixonou por outro. Ai contracenou com outro e se apaixonou também. Ai casou. Se apaixonou pelo próximo parceiro. Se separou. Casou de novo. Se apaixonou. E ai saiu de cena porque a beleza custou um preço alto por pagar.

Ta, por que ela me encanta?

Não é pelo fato de ficar buscando o amor de outra pessoa, porque "amor" só tem tempo de ficar procurando quem é desocupado. Isso a gente não procura, aparece quando menos se espera. Brigitte Bardot viveu apaixonada...pela tentativa de insistir em viver. Ela recomeçou e tentou e ai então recomeçou de novo. Até que saiu de cena e afastou-se do mundo para seu último papel defendendo os animais até o EXTREMO. Ela viveu tanto que teve que sobreviver a essa vida intensa. Adoro biografias de personalidades que me interessam, mas não foi lendo a dela que me chamou atenção, foi lendo a de Roger Vadim que escreveu sobre Bardot, Deneuve e Fonda, suas três jovens esposas. Deneuve e Fonda são umas fofuras, mas Bardot é tão intensa que eclipsa as outras. Intensa na tentativa de ser feliz. E de conseguir sobreviver a essas tentativas. Ela foi mais glamourosa, mais creme de la creme que dois terços dos que já botaram o pé no mundo e a sua existência foi bem pouco glamourosa preocupou-se mais em conseguir construir um caminho, mesmo não sabendo se ia conseguir ser boa atriz, mãe ou pessoa.

Tentativa.

Menos pose.

Dá mais certo, ôpa!

Um comentário:

  1. olá minha cara amiga Teresa Almeida, pois é, nos encontramos de novo, eu aqui, apaixonado por Neruda e você me fazendo recordar dos belos filmes de Bardot, assistidos no pequeno cineminha da minha cidade nos anos sessenta...tempo passa, passa muito rápido. Muito bom! Adoro ler seus textos, fico "babando", com certeza nunca escreverei assim...feliz por te reencontrar.

    PS: Eu também vivo esquecendo minhas senhas, vou linkar seu blog.

    Forte abraço

    C@urosa

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