sábado, 20 de março de 2010

Baobabs


Começou como algo muito pequeno. Assim quase imperceptível. E antes que fosse viável um diagnóstico a situação engoliu os dois. Um achou que era possível contornar o outro achou que achariam uma forma. Ela lhe disse que não conhecia o amor, portanto não podia oferecer muito. Ele garantiu que acabaria ensinando. Como não tinha muito a perder ela acabou aceitando. Era como uma guerra fria. Um esperava pelo prometido o outro esperou por uma mudança. A superfície ao redor foi comprimindo os dois. Como espinhos que se aproximavam. E eles não queriam entender. A brincadeira foi perdendo a graça acentuadamente. Tornou-se um jogo que nenhum dos dois queria ganhar. Até algo simples não traria graça. Um sangrava enquanto esperava o outro sangrar e estavam tão exauridos que não sentiam mais as chagas. Era bobagem insistir, mas um não permitia ao outro libertar-se. O relógio foi correndo em voltas e o tempo esgotando, os esgotando. O tempo foi ficando perdido. Como espinho. Alguma coragem era necessária. Muita coragem, certamente. Não foi bobo compreender que o motivo óbvio não estava ali. Não eram espinhos ao redor. Era erva daninha. Não havia espinhos ao redor. Sim dentro. E um não tinha o antídoto do outro. Simples assim. E foi necessário que desenhassem para entender. Começou pequeno e tornou-se um baobá gigante que não sumiria pois não trazia um manual que explicasse o meio de aproximar-se da raiz. Conseguir caminhar para longe do baobá foi aliviante. O sol cegou os dois. Era esse o antídoto.

“Fiz notar ao príncipezinho que os baobás não são arbustos, mas árvores grandes como igrejas. E que mesmo que ele levasse consigo todo um rebanho de elefantes, eles não chegariam a dar cabo de um único baobá.



Um comentário:

  1. Pois é minha cara amiga Teresa Almeida, e o ser sempre jogando, e o melhor, sem vitoriosos ou derrotados.
    Eu tenho uma figueira gigante encravada em minha alma...

    Forte abraço

    C@urosa

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