terça-feira, 23 de novembro de 2010

Under My Skin



Essas obras tão complexas, que transpiram idéias inspiradoras, quadros que deveriam dizer muita coisa, objetos excêntricos e cheios de significado. Tentativas de socializar um significado que não foi encontrado. Por que não há nada para ver ali. Como o manto transparente do rei que só os inteligentes vêem, quando todos sabem que ele está nú. Um monte de gente em uma exposição.Um ponto no meio de uma folha em branco. E um comenta com o outro: É o começo do mundo. Não, é uma guerra nuclear. Imagina, é um átomo. E certamente suprimem o desejo de admitir que é no máximo um piolho. Uma privada diferente inventada no começo do século.Seria muito limitado admitir que aquilo ali é uma privada diferente inventada no começo do século.

Interessante que nadar contra a corrente é dar-se o direito de ser mediano e limitado. Admitir que o extraordinário não está aqui e ainda assim o dia é satisfatório. Que não há nada perfeito. Que a rotina é patética. Que houve derrota mas continua a luta. Que está tudo quebrado, mas ainda dá tempo de consertar. Que os sentimentos são belos em canções, mas frágeis demais dentro de quatro paredes. E se o vazio incomoda, a culpa é de quem se o nada foi o que te preencheu?

Apesar dos pesares, o ceticismo é tão belo.

Uma beleza encontrada apenas onde existe.

O tempo encarrega-se de mostrar que valer-se dos olhos alheios é só uma perda.

De tempo.


2 comentários:

  1. Olá querida amiga Teresa Almeida, porra! Nadar contra a corrente dá é uma baita canseira. Não é para qualquer mediano e limitado, tem que ter é muito braço...porém, não é nada extraordinário. Ver e ler o mundo com os próprios olhos, aí sim, já é bacana e vale o tempo...tempo?

    Êta mulher pra por bichinhos na minha cabeça!

    forte abraço

    C@urosa

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  2. E ainda me sinto um nada, atrás das marés que me afogarão de lirismo contemporâneo e fragmentado até o último "ponto e vírgula" preencher a folha.

    Minha existência não vale o turbilhão do ânus do novo cosmos. E ainda assim é muito bom ter a chance de conhecer pessoas diversas, de essências diversas, como tu srta minha amiga. Cada frase de suposta aspereza poética que nos faz calar e refletir sobre a própria ação de respirar. Olhe que sublime poder ver o mar e respirar diante dele... e isso não vale nada se não pudermos pilhar as qualidades do mar em proveito próprio.. feito contemporâneo dos mais fortes e empreendedores. Prefiro a sutileza poética de um andar feminino, ler parte de tua alma que despejas aqui. Parabens

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